
Crise de financiamento do programa CVE: Implicações e resposta estratégica
Hoje, a comunidade de cibersegurança enfrentou uma encruzilhada crítica, pois o contrato do governo dos EUA com a MITRE Corporation para desenvolver, operar e modernizar o programa Common Vulnerabilities and Exposures (CVE), bem como esforços relacionados como CWE, estava prestes a expirar.
A MITRE alertou sobre "múltiplos impactos no CVE, incluindo deterioração das bases de dados de vulnerabilidades nacionais e avisos, fornecedores de ferramentas, operações de resposta a incidentes e todo tipo de infraestrutura crítica."
Este desenvolvimento ameaçou a continuidade de um elemento fundamental na infraestrutura global de cibersegurança. Numa intervenção de última hora, a Agência de Segurança de Cibersegurança e Infraestrutura (CISA) prolongou o financiamento e atribuiu um contrato de transição de 11 meses para garantir que não haveria interrupção nos serviços CVE.

Compreender o Programa CVE
O programa CVE, estabelecido em 1999 e gerido pela MITRE, oferece um sistema padronizado para identificar e catalogar vulnerabilidades de cibersegurança publicamente conhecidas. Cada vulnerabilidade é atribuída a um identificador único (por exemplo, CVE-2025-12345), facilitando a comunicação consistente entre profissionais de segurança, fornecedores e organizações em todo o mundo.
Os registos CVE são categorizados com base no tipo de vulnerabilidade, no software ou hardware afetado e no impacto potencial. Estes registos incluem tipicamente uma breve descrição, referências a avisos públicos ou correções, e classificações de gravidade, quando disponíveis.
O ciclo de vida de um CVE segue um processo estruturado:
- Descoberta – Um investigador, fornecedor ou organização identifica uma potencial falha de segurança.
- Submissão – O problema é reportado a uma Autoridade de Numeração CVE (CNA), que valida e atribui um ID CVE.
- Divulgação – Após validação, a vulnerabilidade é divulgada publicamente pelo descobridor ou pelo CNA, dependendo da coordenação.
- Publicação – A entrada CVE é publicada na Lista CVE e disponibilizada à comunidade para integração em ferramentas e bases de dados.
- Manutenção Contínua – MITRE e CNAs monitorizam correções, atualizações e material de referência adicional para manter os registos precisos e úteis.
O programa CVE serve como um suporte para ferramentas e frameworks de segurança, como a Base de Dados Nacional de Vulnerabilidades (NVD), que complementa os registos CVE com pontuações CVSS e metadados, e a Common Weakness Enumeration (CWE), que categoriza os tipos de falhas subjacentes.
Ao oferecer um sistema centralizado, transparente e orientado pela comunidade, o programa CVE apoia a gestão de vulnerabilidades em tempo útil e ajuda a coordenar os esforços de resposta globais.
Importância do programa CVE
O programa CVE é fundamental para os esforços de cibersegurança global por várias razões:
- Normalização: Oferece uma linguagem comum para descrever vulnerabilidades, permitindo uma colaboração eficaz entre diferentes organizações e setores.
- Integração: Muitas ferramentas e processos de segurança dependem de identificadores CVE para funcionar corretamente, incluindo scanners de vulnerabilidades, sistemas de gestão de patches e plataformas de inteligência de ameaças.
- Coordenação: O programa apoia a divulgação coordenada de vulnerabilidades, permitindo que fornecedores e investigadores gerenciem e comuniquem questões de segurança de forma eficiente.
Sem o sistema CVE, a comunidade de cibersegurança enfrentaria desafios em rastrear, priorizar e mitigar vulnerabilidades, levando a riscos aumentados e potencial exploração por agentes maliciosos.
Implicações para a indústria de cibersegurança
A potencial interrupção no financiamento do programa CVE levantou várias preocupações:
- Interrupção operacional: Uma paralisação nas atribuições de CVE poderia perturbar fornecedores de segurança, equipas de segurança como os respondedores de incidentes e muitos outros, pois as organizações careceriam de identificadores padronizados para novas vulnerabilidades.
- Risco aumentado: Esforços atrasados de identificação e remediação de vulnerabilidades podem expor os sistemas a períodos prolongados de risco.
- Fragmentação: Na ausência de um sistema centralizado, podem surgir métodos díspares para rastrear vulnerabilidades, levando a inconsistências e confusão.
Esses desafios destacam o papel crucial do programa CVE na manutenção da resiliência cibernética em várias indústrias e infraestruturas nacionais.
Resposta estratégica e recomendações
Para garantir a sustentabilidade e eficácia do programa CVE, são recomendadas as seguintes medidas:
1. Diversificar as fontes de financiamento
Envolver partes interessadas do setor privado, parceiros internacionais e organizações sem fins lucrativos para contribuir para o financiamento do programa, reduzindo a dependência de uma única entidade governamental.
2. Estabelecer uma governação independente
A formação da CVE Foundation tem como objetivo fornecer uma estrutura de governança neutra e orientada pela comunidade, reforçando a resiliência e a confiança global do programa.
3. Melhorar a transparência
A comunicação regular sobre o estado do programa, financiamento e direção estratégica pode aumentar a confiança entre os utilizadores e colaboradores.
4. Invista em automação
Aproveitar a automação e a inteligência artificial pode melhorar a eficiência dos processos de identificação e gestão de vulnerabilidades.
5. Reforçar a colaboração internacional
Fomentar parcerias com organizações internacionais de cibersegurança para garantir uma abordagem unificada à gestão de vulnerabilidades e partilhar as melhores práticas.
Medidas proativas da União Europeia
Em resposta ao cenário em evolução da cibersegurança, a Agência da União Europeia para a Cibersegurança (ENISA) lançou a Base de Dados Europeia de Vulnerabilidades (EUVD). Esta iniciativa adota uma abordagem de múltiplas partes interessadas, recolhendo informações de vulnerabilidades disponíveis publicamente de várias fontes, incluindo Equipas de Resposta a Incidentes de Segurança Informática (CSIRTs), fornecedores e bases de dados existentes. A EUVD visa melhorar a transparência e eficiência na gestão de vulnerabilidades em toda a UE.
Garantir resiliência e sustentabilidade no futuro
A recente crise de financiamento do programa CVE destaca a fragilidade das infraestruturas essenciais de cibersegurança. Embora as interrupções imediatas tenham sido evitadas, é imperativo que a comunidade global de cibersegurança tome medidas proativas para garantir a resiliência e sustentabilidade dos sistemas de gestão de vulnerabilidades. Esforços colaborativos, financiamento diversificado e cooperação internacional serão fundamentais para salvaguardar os nossos ecossistemas digitais.
Referências:
- MITRE assinala potencial deterioração do programa CVE com o término do financiamento do governo dos EUA
- CISA prolonga financiamento para garantir continuidade dos serviços críticos de CVE
- Financiamento Expira para Base de Dados de Vulnerabilidades Cibernéticas Essenciais
- Financiamento do Programa CVE Expira—O Que Significa e O Que Fazer a Seguir
- Mais Um Passo Em Direção à Divulgação Responsável de Vulnerabilidades na Europa
- Divulgação de Vulnerabilidades ENISA

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